quarta-feira, 3 de maio de 2017

A (pré) história perdida


Qual o espaço de Sete Lagoas na montagem do quebra-cabeça que é a pré-história em Minas Gerais? Esta pergunta marca o início de um "mergulho" sem volta no mundo da arqueologia, da paleontologia e da antropologia. No caminho de todas as frentes de pesquisa, um grande nome da humanidade: o naturalista dinamarquês Peter Lund, considerado o "pai" da paleontologia brasileira.
Peter Lund, naturalista dinamarquês

 Foi ele quem descobriu milhares de fósseis humanos na Gruta da Lapinha, em Lagoa Santa, de fósseis de animais gigantescos do período pleistoceno na Gruta do Maquiné e, assim, projetou Minas para o mundo. Mas uma dúvida permanecia? Sete Lagoas, com suas belas grutas, não entra nesta história?
Gruta Rei do Mato, Sete Lagoas, Minas Gerais, Brasil

Estas questões deram surgimento ao projeto "Origens", cujo subtítulo é "O enigma das cavernas", acerca da pré-história na região central de Minas Gerais, em especial a área cárstica, que inclui cidades como Sete Lagoas, Pedro Leopoldo, Matozinhos, Lagoa Santa e Cordisburgo, por exemplo.
Neste documentário estarão respostas como: quem foram os primeiros habitantes desta região? Quais eram as primeiras moradias? Como viviam? Como se organizavam? De onde vieram? Como vieram parar em Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Sete Lagoas, Cordisburgo e em Santana do Riacho (Serra do Cipó), em Lapinha da Serra?
Serra do Cipó, Lapinha da Serra, parte I

Serra do Cipó, Lapinha da Serra, parte II (final)

Sete Lagoas está, sim, no registro da pré-história do Brasil. Não sou eu quem afirma, mas um dos maiores bioantropólogos das Américas, Walter Neves, diretor do Laboratório de Estudos Evolutivos do Homem (LEEH) da USP (Universidade de São Paulo), autor do livro mais revelador sobre o período pré-histórico no carste mineiro e, por extensão, no território americano: "O Povo de Luzia".
Luzia, a mais antiga "brasileira", com 11.500 anos

Nele, o pesquisador afirma categoricamente que Peter Lund fez escavações em Sete Lagoas e aqui descobriu fósseis humanos em uma gruta localizada em uma fazenda. A data provável é o ano de 1834. Nesta época, Peter Lund e Peter Claussen, ambos dinamarqueses, fizeram uma parceria, mas que logo tornou-se  concorrência e inimizade. Relata Neves em "O Povo de Luzia" que Claussen, já brigado com o compatriota, foi sozinho à fazenda onde foram realizadas as escavações, levou todos os fósseis de homens pré-históricos e vendeu o rico acervo a um "amigo" europeu.
Walter Neves, bioantropólogo da USP

Assim se perdeu a pré-história de Sete Lagoas. O que Lund descobriu, Claussen contrabandeou. Em algum país da Europa estão os mais antigos fósseis que podem recontar o povoamento mais antigo de nossa terra.

Diferente destino teve Lagoa Santa com o Museu do Homem, investimentos financeiros do Governo da Dinamarca e a repatriação de 300 fósseis que Peter Lund enviou do Brasil para o Velho Continente. Mais do que nunca, Lagoa Santa está no centro das atenções de cientistas internacionais, de instituições de pesquisa, de organizações de turismo. Enfim, no centro das atenções. "Luzia", o mais antigo fóssil humano das Américas, com 11.500 anos, foi descoberta lá. Ganhou as páginas de revistas, de jornais, virou artigo em revistas científicas mundiais.

Nem tudo está perdido, porém. Outras escavações podem revelar o lugar de Sete Lagoas nas páginas da pré-história brasileira e americana. E marcar, definitivamente, o nosso passado e projetar o futuro que nos aguarda, futuro esse ansioso por descobrirmos o que está a poucos metros de profundidade: os primeiros americanos que povoaram Sete Lagoas em suas cavernas.



Pintura rupestre na grutinha, ao lado da Gruta Rei do Mato

A seguir, leia com exclusividade a reportagem que vai esmiuçar os detalhes da pré-história em Sete Lagoas, com uma entrevista inédita feita em um laboratório do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Lá, ouvi e gravei declarações que vão mostrar para o mundo como a genética, em articulação com outras áreas da ciência, revelará de onde viemos, quando, como e porque. A entrevista a seguir é com o professor, pesquisador, cientista e coordenador do Projeto Genográfico na América do Sul, Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos.

“Seria extremamente importante demonstrar como os “primeiros brasileiros” chegaram aqui, quais são seus descendentes diretos hoje, que rotas seguiram desde África, Ásia, etc, para chegar aqui? Esperamos que com isto possamos diminuir muito do preconceito que ainda existe, e valorizar as culturas originais de nosso continente que estavam aqui milênios antes dos europeus e africanos chegarem.”

Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos, coordenador do Projeto Genográfico/América do Sul

Quais são as hipóteses mais consistentes atualmente para explicar o povoamento das Américas? O estudo de marcadores genéticos terá caráter definitivo para determinar de onde saíram os primeiros povos que ocuparam este continente?

Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos - Hoje existem muitas hipóteses alternativas que tentam explicar como se deu o povoamento da América. Geralmente, são hipóteses limitadas a disciplinas únicas, isto é, baseada apenas em dados de uma só ciência, como genética, arqueologia, antropologia física etc. Entretanto, há uma tendência em se fundir conhecimentos de diferentes disciplinas para tentar traçar um modelo único que explique este povoamento antigo, que é uma histórica única. Um destes modelos consensuais indica que houve uma ocupação inicial da Beríngia, região entre Alasca e Sibéria que esta emersa durante a a última glaciação (25 a 12 mil anos atrás), por povos que vieram da Sibéria. Este povo da Beríngia teria dado origem a todos povos nativos da América atuais.

Rotas migratórias de milhares de anos feitas por tribos a partir da África para o mundo

Como foi possível, há milhares de anos, tribos nômades atravessarem continentes, enfrentar adversidades climáticas e chegar ao nosso território? Como o corpo humano reagiu a tantos desafios?

Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos - Nossa espécie era totalmente nômade até 12 mil anos atrás quando começou a agricultura e pecuária. Com certeza, estes povos sofriam com as adversidades climáticas, o que ainda pode ser visto em tribos ainda nômades como Esquimós, Yakuts da Sibéria, Yanomami do norte do Brasil, etc...  O homem geralmente domina o ambiente em que vive, utilizando o máximo de recursos ao seu redor. Infelizmente, o destino destes povos nativos nômades é perderem estas tradições, já que para que eles continuem, vastas áreas de terra devem ser disponibilizadas para eles, com natureza intocada. O próprio Lula já disse que índios tem terra demais, que eles devem aprender a usar melhor a terra... isto é o mesmo que dizer que eles devem esquecer suas culturas e tradições, começar a plantar e criar gado, e deixar de colher frutos da floresta e não caçar mais...

Diversidade é a palavra que mais caracteriza as diferentes populações das Américas. Em um dos vídeos da National Geograpchic isto fica muito evidente, principalmente quando são mostradas diversas etnias que residem em Nova York. O que nos faz ter feições tão diferentes se, a princípio, somos descendentes de um mesmo povo?

Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos - Nossa espécie tem pelo menos 100 mil anos de existência, ou ao redor de 2500 gerações... isto é tempo suficiente para que uma variedade de feições diferentes tenha se originado. Este fato é ainda mais acelerado porque a espécie humana ocupou todos ambientes da terra, das planícies às montanhas, do deserto ao gelo do ártico, que influenciam na fixação de diferentes características entre os povos.

O senhor tem alguma dúvida de que os negróides – como o “povo de Luzia” – são os primeiros “brasileiros”?

Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos - Isto não é verdade, nem mesmo o autor do artigo afirmou isto algum dia. Luzia tinha feições pré-mongólicas, ou seja, tinha caraterísticas ósseas que lembram os indivíduos de povos mais antigos, que hoje os mais parecidos ainda estão na África e também na Austrália. Antes de 14 mil anos atrás, todos povos da Ásia eram iguais a Luzia, não havia mongólicos (como atuais chineses, siberianos e maioria dos indígenas americanos)... então se considerarmos que os primeiros migrantes vieram antes de 14 mil anos atrás, só poderiam ter a morfologia como a de Luzia, que, muito provavelmente, não era “negróide”.

Em artigo publicado pela National Academy of Sciences dos Estados Unidos, em 20 de dezembro de 2006, o antropólogo Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP, relaciona 81 fósseis e os sítios em que foram encontrados na região cárstica de Lagoa Santa. O mais antigo fóssil é o de Luzia, com 11.000 a 11.500 anos. Em Santana do Riacho foram encontrados fósseis datados em torno de 8.000 e 9.500 anos. Como explicar esta diferença de séculos, uma vez que a morfologia de ambos os povos é muito similar, como já apontou o professor André Prous?

Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos - Estas datas dizem respeito a anos radiocarbono, não anos calendário (isto é uma questão técnica que não é passada para os leigos, normalmente). 11.500 anos radiocarbono, equivalem a mais ou menos, 13.500 anos calendário, por exemplo. Não existem problemas em explicar isto... afinal de contas, 8000 anos atrás, grande parte dos povos que existiam na Ásia tinham também esta morfologia.

A análise da comparação genética dos nossos ancestrais com a civilização contemporânea poderá responder quais são as nossas origens, esta uma pergunta quase que eterna?

Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos - Esta é uma das ferramentas úteis para a reconstrução histórica. Isto tem sido feito com bastante sucesso em vários estudos. O que é necessário é realizar projetos que analisem muito mais pessoas, principalmente de grupos nativos como tribos da América do Sul, da Sibéria, e mesmo de partes isoladas da Europa, por exemplo, para recuperar com mais precisão este passado. Por isto foi proposto o Projeto Genográfico, que é na verdade executado por diferentes grupos de pesquisa do mundo inteiro e não pela Nat.Geographic. Aqui na América do Sul a execução é da UFMG em Belo Horizonte.

O que poderá mudar, culturalmente após as conclusões do Projeto da National Geographic?

Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos - Acho que o mais importante, culturalmente, será o reconhecimento pela sociedade (povos mesclados das cidades) sobre a grande diversidade e importância histórica dos povos nativos de todo o mundo. Culturalmente, muitos deles já desapareceram... Só no Brasil, nos últimos 500 anos, mais de 1000 culturas com idiomas diferentes desapareceram. Com estes povos desapareceram seus rituais, religiões, artesanato, costumes, tradições diversas... Faz parte do legado da humanidade deixar que eles vivam suas tradições, que reconheçam e façam reconhecer a sociedade de que eles são importantes para a história do Brasil e do mundo...

Finalmente, qual a principal contribuição para a humanidade com as possíveis descobertas? Qual o impacto do conhecimento da variabilidade genética das populações sobre a saúde humana?

Dr. Fabrício Rodrigues dos Santos -  Além da importância histórica e cultural que deverá ser reconhecida pela sociedade, esperamos construir o Museu Virtual da História da Humanidade, divulgado pela internet em várias línguas, resumindo todo o conhecimento acumulado neste projeto, e comparado a dados multidisciplinares históricos (arquelogia, paleoantropolia, linguística etc) que permita ilustrar com mais detalhes o nosso passado. A partir deste museu, que conterá dados trabalhados para compreensão do público leigo, esperamos que possam constar nos livros textos também muito de nossa pré-história. Por exemplo, veja os livros-texto de história que utilizam no 1º e 2º graus aqui no Brasil; muito pouco se fala da pré-história brasileira e da América do Sul. Seria extremamente importante demonstrar como os “primeiros brasileiros” chegaram aqui, quais são seus descendentes diretos hoje, que rotas seguiram desde África, Ásia, etc, para chegar aqui? Esperamos que com isto possamos diminuir muito do preconceito que ainda existe, e valorizar as culturas originais de nosso continente que estavam aqui milênios antes dos europeus e africanos chegarem.

terça-feira, 2 de maio de 2017

ANATOMIA DE UM JORNALISTA

O homem se faz do verbo e a vida se materializa na palavra. Pois bem, aqui vão recordações de um tempo precioso, sala 311, turma de Jornalismo, Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte. Após valiosas aulas de Semiótica - ciência que estuda os signos, seus significados e representações - eis que percebo as minhas veias altas da mão direita - a mesma que uso agora e sempre usei para redigir, anotar, transcrever. Percebo-as mais altas e, também, mais vivas. Isto é anatomia...começo a pensar. As mãos, os braços, as pernas, o coração, isto é o conjunto da anatomia... anatomia de um repórter. Em sala de aula, começo e termino a escrever algo - um rascunho de poesia. Agora, compartilho com vocês o que realmente penso ser um jornalista, em especial um repórter - este ser que faz da vida sua profissão de fé. O tempo até passa: vejam e comparem as fotos. Mas a alma permanece inquieta, até o dia da última pauta, da derradeira lauda, do deadline. A seguir, o início de uma poesia - Anatomia de um jornalista - e de como as fotografias mostram como mudamos externamente, para sempre vivermos jovens...

Anatomia de um jornalista

Meus olhos pertencem ao mundo.
Em minhas veias corre o sangue da humanidade.
1999, entrevista coletiva
Meus ouvidos ouvem todas as línguas.
As retinas são a lente da verdade.
Minha garganta expele a voz dos excluídos.
Meu coração não bate, pulsa por liberdade!
E minh'alma é a extensão da fé.
Meu corpo, morada da coragem.
Minha vida?
Faço dela reportagem.

2010: entrevista com jornalistas italianos especializados em Turismo, na Gruta Rei do Mato


quarta-feira, 2 de maio de 2012

PARQUE DO CAPARAÓ

As laudas com anotações ainda cheiram a poeira e o gostinho bom de terra do Parque Nacional do Caparaó, na divisa de Minas Gerais com o Espírito Santo. Nele, o Pico da Bandeira, o 3° mais alto do Brasil.



Alto Caparaó, região de clima frio e espírito turístico (Caio Pacheco)




O parque é administrado pelo Ministério do Meio Ambiente.
Entrada do Parque Nacional do Caparaó em MG (há, também, pelo Espírito Santo)
Rio Caparaó




















A cobrança da entrada está temporariamente suspensa por determinação do Ministério do Meio Ambiente, seja para visitar ou para acampar. O acesso ao Parque Nacional do Caparaó pode ser feito a pé - como fiz - ou de carro, seja particular ou jeep. Há vários deles que podem ser alugados. Os motoristas ficam no parque e também na cidade. Alto do Caparaó fica a 330 km de distância de Belo Horizonte.







Os atrativos em Alto Caparaó são muitos. As pousadas também. Esta é a Pousada do Rui, no Centro da cidade, aonde fiquei. Fazer a reserva é bom, proporciona mais tranquilidade ao turista.





Durante o fim do ano faz mais frio do que no primeiro semestre em Alto Caparaó, município fundado há pouco tempo, em 1995, embora faça parte da História do Brasil por ter sido palco de dois momentos singulares: o primeiro, a colocação da bandeira do Império naquele que era, à época, considerado o ponto mais alto do País, o Pico da Bandeira: o segundo, a frustrada tentativa de guerrilha diante da ditadura militar de 1964. Agora, a cidade respira mesmo é turismo. É uma região alta, fria, típica para um "mar" de plantação de café.





É exatamente neste cenário que as montanhas se agigantam, como o Pico da Bandeira com seus 2.892 metros de altitude acima do nível do mar.





Dicas: planeje sua viagem com antecedência, verifique mapas, a previsão do tempo, as rodovias de acesso, as distâncias entre Alto Caparaó e as principais cidades da região onde você mora (BH, Rio de Janeiro, Vitória e São Paulo no caso do Sudeste), além dos serviços públicos. Mais dicas: calcule quantos dias vai ficar e, possivelmente, quanto gastará. Qual será sua opção: ir sozinho? Casal ? Turma de amigos? Tudo isso interfere no planejamento da viagem e no custo dela.



Prepare o corpo. Quase tudo é distante, sejam as cachoeiras ou os picos dentro do próprio Parque Nacional do Caparaó. 






















O Município de Alto Caparaó investe em sinalização turística. Quem vem de fora ganha muito com isso. Este exemplo deveria ser copiado por outras cidades.










Além da preocupação com a sinalização turística, Alto Caparaó preza pela limpeza e organização da cidade. Há lixeiras por toda a parte.
















Todo esse cuidado vale a pena. A natureza agradece e o convida a voltar. Quer motivos para isso? Então veja e embarque: Alto Caparaó e o Pico da Bandeira estão à sua espera!


Primeira igreja católica de Alto Caparaó











































A professora Livia e o marinheiro Eder, ambos do Espírito Santo








segunda-feira, 30 de abril de 2012

CAPARAÓ, CHEGAMOS!

O post a seguir é de 30 de julho de 2011: "Em TV TRILHAS o internauta sempre tem razão. Por isso, o próximo destino do blog será o Parque Nacional do Caparaó, lugar preferido por 66% dos participantes que votaram na enquete encerrada hoje à noite. 

Aguarde e confira - vai começar nossa aventura rumo ao Pico da Bandeira, o terceiro mais alto do Brasil."
Bem, a informação mais recente é a de que Caparaó vem aí, sim!
A partir de quarta-feira, o internauta poderá conhecer lugares maravilhosos desta região que é localizada na divisa de Minas Gerais e Espírito Santo. Detalhe importante: não foi desta vez que o preparo físico permitiu a chegada deste repórter ao cume do Pico da Bandeira É um desafio. Será vencido, sem dúvida, na próxima investida. Mas vale a pena conferir. Caso contrário, não teria viajado tanto e suportado tamanho cansaço em tão pouco tempo. Mas que navega por www.tvtrilhas.blogspot.com.br merece todo o esforço, mesmo que não seja de uma única só vez.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

EM BUSCA DE "LÚCIO"

Castor Cartelle aparece ao centro, no campus da UFMG (Lô Hermes/Seltur)
A foto dest post é para entrar na memória da Seltur S/A. Trata-se do momento em que o professor Castor Cartelle - então na UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais - recebeu Luiz Cláudio Alvarenga, este na presidência da empresa criada pela Prefeitura de Sete Lagoas e pela Embratur. Na condição de free lancer, fui à reunião como assessor de Imprensa. Sou o da esquerda, Cartelle - claro, está ao centro - e Alvarenga é o personagem que aparece à direita. O fotógrafo é o talentoso Lô Hermes.

Nesta reunião, ocorrida no primeiro semestre de 1999, Alvarenga e o professor Cartelle - hoje no Museu da PUC Minas - trataram de um assunto de grande relevância para Sete Lagoas e Minas Gerais. A "pauta" era a existência de vestígios pré-históricos que indicariam a presença de tribos nômades nos arredores da Gruta Rei do Mato, mais precisamente o suposto crânio de "Lúcio", versão masculina de "Luzia", a "brasileira" mais antiga de todos nós, com 11.500 anos. O assunto, bem como a gruta, foram temas de pautas em jornais como o "Correio Braziliense" e "Hoje em Dia", que dedicou uma página inteira a esse atrativo turístico da Linha Lund.

terça-feira, 20 de março de 2012

AS MELHORES HISTÓRIAS - BRASÍLIA

Nem sempre as melhores notícias dadas pelos repórteres são exatamente aquelas que vão ao ar, no caso dos telejornais. Ou as que saem publicadas em jornais e revistas. Foi especificamente para atender a um jornal e a uma revista que aceitei um serviço "frila" - quando não há vínculo empregatício entre empresa e profissional - e fui com a seguinte missão: mostrar Brasília no nascer do dia, antes da posse, durante a posse e depois da posse, seja em fotos que registram ícones de Brasília ou na gente anônima que viu o dia em que uma mulher assumiu, pela primeira vez, desde 1889, a Presidência da República Federativa do Brasil. Os olhos de repórter começaram cedo. Brasília não havia acordado ainda quando cheguei.


De braços abertos, a Catedral me recebeu. Aliás, nos recebeu. Nas primeiras horas da madrugada da Capital federal, estava o colega Alex, filmando tudo. Eu, fotografava.

Nas primeiras horas da manhã, o Congresso Nacional parecia um deserto. Parecia. Do lado de dentro, agentes da Polícia Federal e da cúpula de segurança da Presidência da República passavam o autêntico "pente fino" na Casa onde haveria a posse presidencial, marcada para as 17h.


O helicóptero sobrevoando Brasília e pousando no mesmo Congresso Nacional fazia parte do esquema de segurança presidencial. Só circulavam com tranquilidade os jornalistas - credenciados ou não, pela Esplanada dos Ministérios. Mas era só por enquanto...




Era tamanha a tranqulidade que a família do Sul escolheu lugar para ficar.
Quem cansou, sentou...


O que não era, definitivamente, o nosso caso e de nossos colegas como pode-se ver facilmente. Testes, mais testes...

Outras transmissões de dados...


De onde? Dali, bem do lado do povo, em uma Brasília quente, disfarçada pela chuva que desabou à tarde. Mas, afinal, era a festa do povo na cidade de Niemeyer. Como fugir à luta? Máquina fotográfica na mão, o rosto estava vermelho no melhor estilo pimentão. Alex, o cinegrafista, já sumira pela Esplanada...








Que era tomada pelos anônimos, como Zé da Motocicleta, que fez questão de registrar a data de saída de Fortaleza, Ceará, para Brasília (DF): 14 de dezembro de 2010. Detalhe se você ampliar a foto - ele e o então presidente Lula. Orgulhoso, Zé exibe o troféu. O católico, a imagem de Nossa Senhora Aparecida. E promete: "vou construir uma (catedral) lá na minha cidade, Juazeiro, Bahia.".

Tá bom, pessoal. Chega, né? A posse acabou, Brasília está virada pelos avessos. A chuva molhou, mas não afugentou ninguém. Nem a criança que, para mim, virou símbolo daquele dia: onde o tempo não pára, no leve e singelo rosto de menino, destaque naquela multidão.


O retorno? Ah! Não me lembro. Só acordei em Minas, em terras setelagoanas. Depois é que soube da tentativa de assalto na região de Paracatu, onde homens armados atravessaram veículos na pista, bloquearam dois ônibus e tentaram levar o que não era deles. Felizmente, nada conseguiram. Nosso especial saiu em disparada, levou um tiro, um colega quase foi atingido, mas Deus o fez invisível. Mas essa é outra história de repórter.